sábado, 15 de setembro de 2018

Promessa

Nunca tinha reparado em ti. Não, com esse ar antipático e desinteressado.
Num segundo não te conhecia, no segundo seguinte os nossos lábios brigavam loucos, as línguas entrelaçavam-se, e as mãos tinham bicho carpinteiro. Contra a parede, contra a minha consciência. Eram só sensações misturadas, e enquanto a minha mente sussurrava não, todo o meu corpo gritava sim.
O desafio que os teus olhos me lançavam, alimentavam a minha vontade de quebrar essa tua confiança. De te fazer implorar por mim. E deixaste-me ir embora, com a promessa de que não ficávamos por ali.
Vais cumprir?

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

(in) certezas

Cheguei a mais uma (in)certeza.

Entre as inúmeras e incontáveis queixas que a minha mente cria ao longo do dia, e a minha boca solta ao longo da semana e do mês, noto a recorrente e simples "odeio ser tudo incerto".
O futuro na profissão que escolhi é incerta, o meu estado profissional actual é incerto, estou a contar com umas resposta que não sei quando ou se irá chegar, não consigo planear a próxima semana com a antecedência que desejava - o futuro, então, é o caos completo.
Gosto de planear, gosto de saber o que vou fazer e quando. Planeio o dia seguinte, a que horas tenho que estar onde, quanto tempo demoro em determinada actividade, a que horas tenho que sair? Agenda aqui, agenda ali, tudo ao pormenor, para não ser apanhada de surpresa. E "boom", adeus paz, tudo se desencaixa.

Mas apresentem-me uma fórmula, digam-me que as coisas funcionam de forma X, ou de forma Y, e eu digo-vos "depende". Digam-me a solução para o meu problema, e eu mostro-vos como penso em todas as possibilidades e incertezas e não há solução.
Tentem marcar uma coisa comigo para daqui a um mês, e eu digo-vos que é muito cedo para saber se posso, porque a vida acontece e até lá quantas vezes a terra já girou?

Eu não suporto incertezas, mas sou viciada nelas.
Não são as incertezas inúmeras possibilidades para sermos quem quisermos ser, e a liberdade para escolher mudar o nosso caminho?

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Hoje, recordei-te

Hoje, entre o beijo do sol na minha pele, recordei-te.
Recordei os caminhos de fogo que traçavas com os teus lábios, e como me enlouquecias nos teus braços.

Hoje, não reconheço essa insanidade com que me arrebataste a mente e o coração. 
Gostava de voltar a tocar essa paixão que me atordoava, que me deixava a tremer só de lembrar ou de antecipar a tua companhia. Essa paixão era combustível que não parava de me consumir. 
Não só o meu corpo te desejava, mas também a minha mente. Quem eras tu? Tão senhor de ti, que um olhar bastava para captares a minha atenção.

Hoje, recolho pequenos pedaços de lembranças desses tempos, e vejo como possuías todo o meu ser. Não só os meus pensamentos, mas conseguiste também o meu coração. Nas pausas entre a paixão que me (nos?) consumia, davas-me a tua mão para eu segurar e abraçavas-me na esperança de acalmar os fantasmas que me perseguiam. 

Hoje, questiono se foi tudo um jogo para ti, ou se o carinho entre nós não foi só imaginação minha.
Afastaste-te da mesma forma inexplicável com que te aproximaste, e parece que o mistério ficará para sempre por resolver. 

Criaste um patamar difícil de alcançar.